PIX na Corrupção e Punição de Mulheres e Negros na Política
Fonte: You Tube
O Congresso Nacional, através das emendas PIX, dá um exemplo ao mundo como usar a tecnologia de um sistema de pagamento instantâneo para concentrar a corrupção e o poder nas mãos de poucos, punindo severamente as mulheres, negros e os mais pobres na política.
Não fosse o
Ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal – STF, não se teria tido uma
divulgação mais ampliada do quanto a falta de transparência e segurança do
sistema de pagamentos PIX pune a sociedade brasileira. Isto sem falar nos assombrosos prejuízos de uso do sistema pelo crime organizado, segundo a ACI Worldwide.
O sistema
de pagamento PIX seria de grande utilidade se fosse usado, gratuitamente, pela população de baixa renda, muitos deles
sem acesso ao sistema bancário e por microempresários em suas transações
comerciais. A população reconhece a utilidade prática do PIX, mas muitos não
sabem o quanto são prejudicados pelas práticas nocivas do sistema, que resulta
na má qualidade de vida, por conta do uso indevido de recursos.
Deveria,
também, ser usado como instrumento de combate à sonegação de impostos e não em
práticas corruptas como emendas PIX e o crime organizado. Ademais, as emendas
PIX não alcança uma descentralização sustentável, mas torna o sistema cada vez
mais centralizado nas mãos de uma elite política dominante, que o utiliza sem
transparência para práticas corruptas.
Isto mostra
que a tecnologia não é neutra e seu poder político é devastador, caso seja
usada para as práticas do mal. No caso das moedas digitais, a euforia da
exuberante comunidade tecnológica é que elas perturbariam os sistemas
tradicionais de transações financeiras, com suas características de
descentralização.
Assim
sendo, a descentralização seria uma característica fundamental necessária para
sustentar a verificação e o registo de
transações nos sistemas de moedas digitais. Contudo, no caso do PIX, o
que se observa é uma verdadeira concentração de poder, arruinando a confiança
no sistema e as boas práticas democráticas. Alguns estudos já estão mostrando
que a descentralização de sistemas de moedas digitais, como Bitcoin,
não é sustentável.
Infelizmente,
no Brasil, os crimes do PIX vêm sendo omitidos, do ponto de vista da Lei
Eleitoral. Muitos candidatos deveriam ser cassados por obterem recursos
públicos para financiar suas candidaturas, enquanto mulheres, negros e os menos
favorecidos não tem acesso a estes volumosos recursos de bilhões de reais.
As emendas
PIX, sem transparência, tornaram-se uma forma mais sofisticada do orçamento
secreto, ilegal. Para o professor de Ciência Política da UFPR, as emendas PIX
vieram materializar o “encurtamento do caminho do Parlamento aos redutos
eleitorais” como “alternativa para atender às demandas dos parlamentares”.
Foi com
este esquema que, em 2019, o governo Bolsonaro conseguiu eleger o Congresso
mais conservador da história do país, fato repetido nas eleições de prefeitos
em 2024, quando o número de prefeitos eleitos, de partidos de extrema direita e
direita pode, também, ter sido o maior da história.
Além do
grande volume do fundo partidário, que beneficiou de forma vantajosa estes
partidos, as emendas PIX foram utilizadas como o instrumento para se evitar a
verdadeira participação das mulheres, dos negros e dos menos favorecidos na
política.
Assim
sendo, estamos diante de um caso de violência, que vem merecendo a atenção de
acadêmicos ao redor do mundo, sendo o Brasil talvez o campeão de violência
política contra as mulheres na América Latina.
Esperamos
que os debates continuem, de modo que acadêmicos e ativistas fortaleçam o
conceito de violência contra as mulheres na política, contra os negros na
política e contra os pobres na política. Com o problema em foco, garantimos que
homens e mulheres sejam capazes de participar da política igualmente sem medo
de violência.
Já foi dito
que a violência contra as mulheres na política é distinta da violência na
política. O mesmo acontece com a violência contra os negros e a violência
contra os menos favorecidos na política, por impedir a participação das
mulheres como mulheres, dos negros como negros e dos menos favorecidos como
menos favorecidos.
A
utilização da tecnologia PIX e emendas PIX são mais do que questões criminais,
representando um sério desafio à democracia, aos direitos humanos, à igualdade de gênero, ao racismo e à
igualdade social, abrindo as portas do caminho do inferno.
A própria Organização das Nações Unidas (ONU) e seus órgãos já demonstraram ser contra o uso de tecnologias de informação e comunicação que venham facilitar a violência contra as mulheres e outros segmentos da sociedade que resultem em danos do ponto de vista físico, sexual, psicológico, social, político ou econômico.
Sabemos que a extrema-direita vem usando intensivamente a tecnologia na desinformação, fake-News, discurso do ódio e eleições. Usá-la para outras violências reforça a construção do caminho do fascismo.
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